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Vallda: Tolices que me valeram ouro

Se eu pudesse retornar atrás no tempo, retornava, só para confirmar aquilo que eu própria já presenciei, fotografava mais e guardava mais em vez de deitar fora as evidências.
Há dias, à conversa com um amigo de longa data, por sinal, influente, astuto e popular no meio onde vivemos, não sei se por feitio, se pela força do hábito de reclamar, se levado pela rebeldia dos seus 60 anos ou simplesmente coagido pela ingestão de algumas cervejas, notei no seu tom de voz a agressividade da crítica:

 - "Aquele jornal está fraquinho!"

 E eu, com a complacência de pessoa calma, reservada, silenciosa, mas frontal, por outras palavras respondi, respeitosamente.

  - Sabe, em 1999 apresentei o dito jornal à minha família. O meu pai foi assinante até um ano após a sua morte. Durante 19 anos li e reli grande parte das edições. No inicio, e porque a idade era a de me deliciar com coisas novas, da novidade e da imaturidade tive o prazer de ver dois poemas da minha autoria lá estampados. Eu ainda era uma adolescente. Infelizmente não tenho nenhuma edição desse tempo. A vida deu-me uma rotina de caracol, e por carregar, várias vezes a casa às costas, fui perdendo essas recordações, que por já não as ter, fico-me apenas por uma vaga ideia. Lembro-me, entretanto que em 2015 o Jornal me "chamara" para desempenhar funções de colaboradora permanente, oportunidade essa que podia ter sido desperdiçada, quando me pedem para eu identificar cada poema com uma fotografia minha, nessa altura, a minha recusa até foi bem aceite só nunca entendi o porquê da utilização da minha imagem de perfil do Facebook onde apenas se destacava a letra V. Não ficava bem. Nunca reclamei, mas confesso a minha dificuldade em entender tal atitude. Fui publicando, sentia-me sozinha e nem sabia se alguém me lia, não havia feedback. Até à equipa do jornal ser renovada e eu ser dispensada. Eu sabia que não era para sempre. O dito pasquim, continuava sempre em mudança até que em 2018 " chamam" por mim, outra vez. Queriam fazer-me perguntas, queriam fotografar-me e porventura, voltariam a aceitar os meus poemas. A Vallda estaria de volta, mas desta vez com rosto. E continuo a achar que não é para sempre...
Já sem assinatura, o jornal às vezes  vem cá ter. Conheço-o. Eu conheço o jornal dos últimos 20 anos. Se ele está fraquinho é porque se calhar era forte em datas anteriores a 99. Não vi, não li, e não tenho bases para poder argumentar.
Serei só eu a achar que o Jornal evoluiu? Será que as pessoas não gostam de poesia ou será que a função informativa é que não é satisfatória?

Ah, lembrei, o senhor que me fizera tal afirmação foi o mesmo que há uns tempos olhos nos olhos terá questionado, a minha pessoa:

-"Nunca mais escreveste umas "tolices" para o jornal?"

  Eu sorri por fora...Por dentro, iria esquecer, numa questão de horas...

Levo muito a serio o que escrevo, o que publico e igualmente o que penso.
E penso que o jornal da Praia, sim o quinzenal, está no seu melhor, pelo menos desde 1999, com as minhas tolices ou sem elas...

Vallda

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