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Vallda: Os dias do fim que se tornaram eternos!

Mesmo que quisesse demonstrar atenção e abrir novamente a janela, nada mais adiantaria porque o jardim era o mesmo. As flores continuavam a exalar os mesmos aromas, a perfumar o ambiente singelo. Os caminhos que eram mais labirintos do que caminhos, ainda existiam. O sensor que denunciava sua tristeza, permanecia no mesmo sítio. A ponte que me separava das pessoas, já não separa mais, a ponte  nunca existiu, porque aquele ódio desesperadamente rubro, nem era ódio, nem era rubro.
Mas, ele insistia em fazer  me abrir a janela, queria que eu“visse” o canto triste do pássaro, fazia-lhe bem pensar que a tristeza naquele canto era por sua causa ou por seu descaso; como era altivo seu ego! Imaginar que em sua presença, era o pássaro a beijar sua mão, ou que, no seu canto havia para ele um pedido de perdão.
Eu ouvi dizer que este pássaro possui uma égide de ouro e que canta no ninho do amor, naquele lugar onde todos os poemas são poemas e o que não for, é ilusão.
Num rio de palavras turvas, onde as reticências apenas esperam por mais palavras, que dê sossego a sua alma farta de sofrimento, pois eu vi desfalecer o ódio de tanto esperar outro cântico... Lamento, mas estou feliz porque esperei que o pássaro cantasse voando por cima de tudo e  de mim e aconteceu e trouxe consigo o mais belo recado: 

Liberdade a ti
e ao teu jardim,
escute meu ultimo canto...
Nunca mais espere por mim!

Vallda

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